sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Gato Preto

Vou viajar amanhã e só volto na terça, então acho melhor postar a primeira parte de uma história, digamos de terror, de cinco páginas.
Mas como é grande demais e com certeza muita gente não tem tanta disposição em ler, hoje vou postar só a primeira página. :)
Ah! Antes de mais nada, quero dizer que, embora meu professor tenha dito que essa história é de terror, eu continuo achando que ela é apenas de suspense. Daquelas que fazem você querer muito saber sobre o final.
Aí vai:

O Gato Preto
Edgar Allan Poe. Histórias Extraordinárias.

Não espero nem peço que se dê crédito à história sumamente extraordinária e, no entanto, bastante doméstica que vou narrar. Louco seria eu se esperasse tal coisa, tratando-se de um caso que os meus próprios sentidos se negam a aceitar. Não obstante, não estou louco e, com toda a certeza, não sonho. Mas amanhã posso morrer e, por isso, gostaria, hoje, de aliviar meu espírito. Meu propósito imediato é apresentar ao mundo, clara e sucintamente, mas sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos. Devido a suas consequencias, tais acontecimentos me aterrorizaram, torturaram e destruíram. No entanto, não tentarei esclarecê-los. Em mim, quase não produziram outra coisa senão horror - mas, a muitas pessoas, talvez lhes pareçam menos terríveis que grotescos. Talvez, mais tarde, haja alguma inteligência que reduza o meu fantasma a algo comum - uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que a minha, que perceba, nas circunstâncias a que me refiro com terror, nada mais do que uma sucessão comum de causas e efeitos muito naturais.
Desde a infância, tornaram-se patentes a docilidade e o sentido humano de meu caráter. A ternura de meu coração era tão evidente, que me tornava alvo dos gracejos de meus companheiros. Gostava, especialmente, de animais, e meus pais me permitiam possuir grande variedade deles. Passava com eles quase todo o meu tempo, e jamais me sentia tão feliz como quando lhes dava de comer ou os acariciava. Com os anos, aumentou essa peculiaridade de meu caráter e, quando me tornei adulto, fiz dela uma das minhas principais fontes de prazer. Aos que já sentiram afeto por um cão fiel e sagaz, não preciso dar-me ao trabalho de explicar a natureza ou a intensidade da satisfação que se pode ter com isso. Há algo, no amor desinteressado, e capaz de sacrifícios, de um animal, que toca diretamente o coração daqueles que tiveram ocasiões frequentes de comprovar a amizade mesquinha e frágil fidelidade de um simples homem.
Casei cedo, e tive a sorte de encontrar em minha mulher disposição semelhante à minha. Notando o meu amor pelos animais domésticos, não perdia a oportunidade de arranjar as espécies mais agradáveis de bichos. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um cão, coelhos, um macaquinho e um gato.
Este último era um animal extraordinariamente grande e belo, todo negro e de espantosa sagacidade. Ao referir-se à sua inteligência, minha mulher que, no íntimo de seu coração, era um tanto supersticiosa, fazia frequentes alusões à antiga crença popular de que todos os gatos pretos são feiticeiras disfarçadas. Não que ela se referisse seriamente a isso: menciono o fato apenas porque aconteceu lembrar-me disso neste momento.
Pluto - assim se chamava o gato - era o meu preferido, com o qual eu mais me distraía. Só eu o alimentava, e ele me seguia sempre pela casa. Tinha dificuldade, mesmo, em impedir que me acompanhasse pela rua.
Nossa amizade durou, desse modo, vários anos, durantes os quais não só o meu caráter como o meu temperamente - enrubesço ao confessá-lo - sofreram, devido ao demônio da intemperança, uma modificação radical para pior. Tornava-me, dia a dia, mais taciturno, mais irritadiço, mais indiferente aos sentimentos dos outros. Sofria ao empregar a linguagem desabrida ao dirigir-me à minha mulher. No fim, cheguei mesmo a tratá-la com violência. Meus animais, certamente, sentiam a mudança operada em meu caráter. Não apenas não lhes dava atenção alguma, como, ainda os maltratava. Quanto ao Pluto, porém, ainda despertava em mim consideração suficiente que me impedia de maltratá-lo, ao passo que não sentia escrúpulo algum em maltratar os coelhos, o macaco e mesmo o cão, quando, por acaso ou afeto, cruzavam em meu caminho. Meu mal, porém, ia tomando conta de mim - que outro mal pode se comparar ao álcool - e, no fim, até Pluto, que começava agora a envelhecer e, por consequinte, se tornara um tanto rabugento, até mesmo Pluto começou a sentir os efeitos de meu mau humor.
Continua...

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Espero que estejam gostando. Pelo menos até agora. Até porque eu gostei mais do meio pro fim, mas abafa. :2
Bom, quero relembrar você de que essa história não é minha, e sim de Edgar Allan Poe.
Vou indo. :**

12 comentários:

  1. Edgar Alan Poe é fantastico *-*
    essa é uma das minhas historias favoritas dele <33

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  2. Oi querida!
    ínício de ano é bastante complicado! Mas com o tempo organizará!

    Eu tmb espero que eu consiga!
    Se Deus quiser...
    Amei seu texto, vou virar seguidora de seu blog!Beijos
    http://falandosobrealgo.blogspot.com/

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  3. Hum. Parece uma história legal. ^^
    Vou tentar acompanhar.
    beijinhos filha =**

    bom retiro!

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  4. Parece ser uma história bem fascinante. O primeiro capítulo te deixa na anciedade. Vou acompanhar, não só o texto, mas seu blog. Que é divertidíssimo! :)
    Beijos.

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  5. Te indiquei num selo que consta lá no meu blog.

    Bjim*

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  6. qe lindo aqui pooxa (:

    (..) muita felicidade pra você tambem, obrigada :D'

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  7. Haha, ja conheço essa história, adoooro Edgar Alan Poe, ele é fantástico, parabéns pelo blog, tá ótimo ^^
    Beijos e sucesso pra ti

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  8. adoreeei seu blog
    é as historia da um gostinho de quero mais ... vo acompanhaa!!!

    beeijos

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  9. Olá, seu blog ta show
    a história parece ser legal^^

    falando em história...vc tbm é fã d Twilight né...xD

    bjão, boa semana ;*

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  10. o Poe é uma COISA. nem gosto muito, mas já li esta aí do gato no curso de inglês. confesso que é boa pra caramba ;)
    bjs

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  11. PS: CULLEN no pedaço?! já gostei daqui! - mas nem sou Cullen, don't worry. mais pra Black, sabe. rsrs ;)

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  12. Oie
    Eu adoro Edgar Allan Poe, essa semaa mesmo antes do carnaval fiz um trabalho dele na escola!
    Ele teve uma vida bem louca! E eu adoro tbm o conto dele a carta roubada, é mara!
    Sucesso! ;)

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